A propósito da água e das fontes Por entre o granito que brota das entranhas da terra, rompendo ou circundando as areias acumuladas durante milhões de anos e finalmente prensadas em formações xistosas, os fluidos participam, comprometidos, no interior do espaço desta ancestral transição geológica. Uma viagem ao interior desse precurso é o que se pretende evocar na construção megalítica deste corredor em busca do líquido mais precioso, como que afirmando a importância vital e determinante da zona de tangência, nos processos de transformação e na estreita relação ou passagem entre duas realidades irmãs mas distintas. A altura dos blocos e a curvatura que desenha o interior da peça assumem a vontade de impedir, não totalmente, o desvendar final deste processo, pretendendo ao mesmo tempo recolher sombra e consequentemente a frescura que caracteriza o interior dos aglomerados rochosos. Penetrar pelo interior desta construção megalitíca é aventurarmo-nos a perscrutar o âmago da terra mãe é desvendar também as inúmeras riquezas e saberes que nos esconde a montanha e este simulacro deve exercer, na sua tonelagem e presença telúrica, o poder de convocação das grandes catedrais. Carlos Marques Junho 2003